Olá! Como prometido, trago a resenha da semana! Dessa vez
sobre um dos títulos originais da Netflix lançados esse mês, o filme To The
Bone, ou o Mínimo Para Viver, em português. A personagem principal é vivida pela
atriz Lily Collins e tem participação do Keanu Reeves. Confira o trailer:
Logo no inicio há um aviso sobre o conteúdo do filme, deixando explícito que a trama conta com certos gatilhos e que pode ser
prejudicial, principalmente para quem já passou ou está passando por problemas
semelhantes ao da personagem principal.
Ellen é uma jovem de vinte anos que sofre de anorexia, e
diferentemente de outros filmes com a temática semelhante, To The Bone não trás
uma reviravolta emocionante e imediata, do tipo em que a personagem escolhe
melhorar logo de cara. Pelo contrário: o filme mostra o fundo do poço,
literalmente. Não temos cenas do passado de Ellen, e nem do futuro saudável que
ela pode ter. A trama se concentra na dificuldade de estar no auge da doença e
no dilema de aceitar ajuda ou não; e quando falo em aceitar ajuda não é
simplesmente aceitar o tratamento, e sim se dedicar a ele.
Por mais que não exista foco no passado da personagem de
Lily Colins, fica claro a maioria dos gatilhos que colaboraram pelo
desenvolvimento da doença dela: a mãe se separou do pai para ficar com a melhor
amiga dela, e a partir daí passou a não dar tanta atenção à família, o pai é
totalmente ausente (tão ausente que nem tem ator para ele, ele é apenas
citado), a madrasta não tem o famoso cimancol (por mais que ela seja consciente
da doença da enteada, tem colocações que só a prejudicam), entre outros
fatores, mas basicamente a família ser desestruturada é algo difícil para Ellen.
Além dos pais e das madrastas, também temos contato com a meia-irmã de Ellen,
que ainda é adolescente e sofre bastante com a doença da irmã. Entre trancos e
barrancos, a madrasta e a irmã são as únicas realmente dispostas a fazer algo
para ajuda-la.
A personagem já passou por diversos tratamentos, e nenhum
deles de fato funcionou. Até que sua madrasta encontra um renomado doutor que
tem um tratamento peculiar para pacientes com distúrbios alimentares, e é aí
que tudo muda. O tratamento consiste em uma casa com monitoramento de apenas
uma profissional, na qual vários pacientes moram durante um determinado tempo e
por vontade própria, pois eles podem abandona-lo quando bem entenderem. O
doutor, vivido por Keanu Reeves, faz visitas a casa e se encontra
individualmente com os moradores. Além disso existe uma terapia em grupo
semanal.
Como falado anteriormente, o filme contem gatilhos. A obsessão de Ellen por fazer abdominais, por exemplo, ou o fato dela contar
todas as calorias das refeições. Mas nada disso se compara as cenas que mostram
o corpo dela. A atriz realmente emagreceu para o papel, e não é nada normal o
estado em que o corpo dela ficou. É agonizante. Aliás, lá pro fim do filme, ela
desiste. Sai sem rumo acreditando que vai morrer naquela noite, mas aí ela tem
um sono onde se vê como realmente está: o corpo totalmente emagrecido, fraco e
doente. Ali foi o momento decisivo para ela.
É muito legal da parte dos roteiristas e produtores não
romantizarem a produção ou mostrar a recuperação de forma utópica, porém
existem algumas falhas no filme. A casa dos pacientes é monitorada por apenas
uma profissional, que deixa passar várias coisas, como por exemplo o saco de
vômito que uma das garotas esconde embaixo da cama, ou os abdominais que Ellen
faz durante a madrugada. Em uma casa de reabilitação normal, os pacientes são
monitorados vinte e quatro horas por dia, por mais de uma pessoa. Outro ponto
que ficou no ar é o fato de que não há acompanhamento nutricional, e os
pacientes comem o que querem, se querem. Uma das pacientes come pasta de amendoim
de jantar enquanto outros tem uma refeição normal. E com certeza deixar que os
pacientes deixem a casa a qualquer momento é muito, muito errado.
Algo que não vi em nenhuma das resenhas do filme e que
considero válido é que temos uma personagem obesa e um garoto com distúrbios alimentares. É uma excelente desconstrução para o estigma que somente mulheres
magras sofrem com esse tipo de doença.
Contudo, acredito que a pegada mais real foi muito legal,
mas o filme não é tão bom assim não. Algumas cenas são bem descartáveis e a
falta do pai é sem sentido, sabe? Acho que é interessante para as pessoas que
não tem nenhum transtorno alimentar, para saber como é passar por ele, é quase
como um alerta sobre o quão prejudicial é. Mas a atuação de Lily é impecável!
O filme é dirigido por Marti Noxon e está disponível na
Netflix.
Contato:
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