Quando criança sempre desejei ser adulta logo, muito provavelmente
pelo fato de que convivia mais com adultos do que com crianças. Devia ter uns
quatro ou cinco anos quando decidi o que iria ser quando crescer, e uns seis ou
sete quando me chamaram de muito madura para a minha idade. E, é claro, fui
daquele tipo de criança que se dava melhor com as crianças mais velhas do que
com as da própria idade, e conseguia manter uma conversa razoável com adultos
muito antes do esperado. Ou seja, queria ser independente, ser responsável por
mim mesma e acima de tudo queria ser capaz de realizar meus sonhos sozinha.
Mas as coisas não saíram como o esperado. Muito além de não
ter conquistado a minha independência, me sinto afogada no mar de controle de
outra pessoa. É claro que ter alguém para se preocupar com você, ser
interessado na sua vida é algo essencial para saciar o lado carente que todo o
ser humano tem, mas espaço é bom e eu gosto.
Se fossem somente as coisas importantes, estaria tudo bem.
Mas não ter voz para decidir coisas simples do dia a dia? Me faz querer fugir
pra bem distante. Alias, ainda não contei pra ninguém, mas vou. Pra mais
distante do que alguém pode imaginar.
Sinceramente, quando a vontade nasceu dentro do meu coração,
doeu. Doeu porque de alguma forma eu senti que é um caminho sem volta. Quando
entrar naquele avião nunca mais serei a mesma. Mesmo que dependa dos seus
recursos para tal, saiba que esse será o meu grito de liberdade.
Não admito viver nessa inercia constante, apenas sobrevivendo.
Sabe, eu nasci para viver. Acredito em destino, mas talvez o meu esteja preso
nessa rotina. Sem emoções, felicidades ou planos.
Não tenho ideia de como vou fazer para contar, nem como vou
fazer. O que sei é que esse sentimento, o da decisão, eu nunca tinha sentido
antes. E acredite quando digo que não vou desistir.
Essa intuição que cresce a cada dia, essa vontade de ir
logo. Não sou ingenua o suficiente para achar que nunca mais vou voltar, ou
para pensar que não sentirei falta. Mas sou consciente o suficiente para saber
que posso ser mais, fazer mais.
Essa é a primeira vez que escrevo sobre isso, mas tenho a
sensação de que escreverei mais mil cartas dessas até chegar o momento em que
tudo valerá a pena. E eu mal posso esperar para ter a minha vida só para mim.
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