Não, não é como se ela esperasse que um ator de TV batesse a
sua porta com um buque de flores, nem tão pouco se achasse boa demais para tudo
que encontrava, mas tinha a sensação de que nada ali era feito para ela.
Por vezes, desejou ter alguém para segurar a sua mão, para
ir ao cinema ou simplesmente ter alguém para encontrar ao fim do dia. Porém,
todas as vezes que uma pessoa se candidatava ao cargo, ela encontrava esse ou
aquele defeito que não se era possível conviver, ou pior: se entediava.
Maluca, vai morrer sozinha, diziam. Aquele que a apoiaria, sonharia junto dela e
dividiria a vida, nunca parecia chegar. E a medida que o tempo foi passando, a
perspectiva de que a segunda oração deste parágrafo se concretizaria se tornava
tão real quanto o espaço vazio do outro lado da cama.
Certamente, havia algo de errado com ela, pensava. Como pode
alguém não suportar ficar mais do que uma ou duas semanas semanas com a mesma
pessoa? Claro que já havia pensado em várias hipóteses, partindo de freira para homossexual. Mas o celibato certamente não era para ela, e por mais que
considerasse certas mulheres dividas, queria mais ser elas do que estar com
elas.
Sentia essa dura realidade todos os dias, mas em dias
cinzentos como esse, a solidão invadia seu peito, e se mostrava presente em
cada respiração, em cada movimento que fazia. E era em dias como esse que mais
pedia ajuda do Universo para que essa questão fosse resolvida com a mesma
rapidez com que em uma hora chovia e na outra apenas ventava. E quando enfim
novo dia nascia, ela esquecia do sofrimento de horas antes e continuava a
sonhar com parceiros perfeitos e a fugir dos reais.
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