quarta-feira, 19 de abril de 2017

Ela queria mais



Ela queria mais. Queria mais viagens, mais amigos, mais amores e mais cores. Queria ser girlie de dia, mas indie a noite. Queria ser diferente, queria viver diferente. Mas não pense que ela não gostava do que tinha, pelo contrário. Sabia que o pouco que tinha era muito mais que tantos outros teriam em toda a vida, porém, queria mais.

Queria poder acordar de manhã com um ótimo humor, queria ter o quarto dos sonhos. Queria que a tarde oportunidades maravilhosas surgissem, e que a noite tivesse a certeza de que a realização dos seus sonhos estivesse cada vez mais perto.

Queria não ter pesadelos, queria não ter contas a pagar, e, principalmente, queria não ter de se preocupar com o aluguel que venceria dali a dois dias.

Queria, também, ter mais para dar. Mais compaixão, mais empatia e mais caridade. Queria não duvidar tanto da bondade nem da raça humana, e queria dias melhores não só para ela, mas também para o mundo.

Queria melhores notas, melhor desempenho das atividades que executava, e queria que o grande dia chegasse logo. Aquele dia não chegaria tão cedo.

Conquistas, dinheiro, reconhecimento e conforto. Gostaria de ser digna de tudo aquilo. Mas não era.

De tanto planejar, sonhar e desejar, a vida foi passando. Dia após dia. E ela, coitada, continuava a querer mais e fazer cada vez menos.


Quando percebeu que seu tempo estava acabando já era tarde demais. Já não tinha tempo nem para lutar por aquilo que queria, dirá para receber a recompensa. E assim a vida passou: tão rápido quando a brisa leve, e tão triste quanto ela deixou ser. 

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