Ela queria mais. Queria mais viagens, mais amigos, mais
amores e mais cores. Queria ser girlie de dia, mas indie a noite. Queria ser
diferente, queria viver diferente. Mas não pense que ela não gostava do que
tinha, pelo contrário. Sabia que o pouco que tinha era muito mais que tantos
outros teriam em toda a vida, porém, queria mais.
Queria poder acordar de manhã com um ótimo humor, queria ter
o quarto dos sonhos. Queria que a tarde oportunidades maravilhosas surgissem, e
que a noite tivesse a certeza de que a realização dos seus sonhos estivesse cada
vez mais perto.
Queria não ter pesadelos, queria não ter contas a pagar, e,
principalmente, queria não ter de se preocupar com o aluguel que venceria dali
a dois dias.
Queria, também, ter mais para dar. Mais compaixão, mais
empatia e mais caridade. Queria não duvidar tanto da bondade nem da raça
humana, e queria dias melhores não só para ela, mas também para o mundo.
Queria melhores notas, melhor desempenho das atividades que
executava, e queria que o grande dia chegasse logo. Aquele dia não chegaria tão
cedo.
Conquistas, dinheiro, reconhecimento e conforto. Gostaria de
ser digna de tudo aquilo. Mas não era.
De tanto planejar, sonhar e desejar, a vida foi passando.
Dia após dia. E ela, coitada, continuava a querer mais e fazer cada vez menos.
Quando percebeu que seu tempo estava acabando já era tarde
demais. Já não tinha tempo nem para lutar por aquilo que queria, dirá para
receber a recompensa. E assim a vida passou: tão rápido quando a brisa leve, e
tão triste quanto ela deixou ser.
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